Batem três badaladas na torre da igreja.
- Que tarde já, e eu tão atrasada! – lamenta-se a formiga, a arrastar um cestinho por um carreiro ao longo da relva.
Uma abelha, que segue rumo à colmeia, ao ouvir o seu desabafo, pousa sobre uma flor.
- E onde vai de passeio? Qual é a pressa? Posso ajudá-la, dona Formiga? – pergunta, prestável e intrigada, ante aquela força num corpo tão pequenino.
- Não preciso, dona Abelha, obrigada! Vou perto. A casa da Cigarra, levar-lhe esta encomenda. Começou o Outono, sabe, e qualquer dia meto-me na minha despensa. Depois vem o frio e a geada e ainda é pior. Enfim, é a Natureza…E, aqui para nós, coitada da Cigarra; nada tem. Mas canta. Canta tão bem! E ajuda-me a trabalhar com a sua cantoria. Se não fosse a Cigarra, os meus dias eram menos felizes. Bem merece que reparta com ela o que guardei, se ela comigo divide a sua alegria…
E lá seguem ambas. A formiga: truz! truz! que havia chegado a casa da cigarra. A abelha, a caminho do cortiço.
Soledade Martinho Costa
quinta-feira, 26 de março de 2009
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