segunda-feira, 25 de junho de 2012
quinta-feira, 21 de junho de 2012
A Formiga e a Rosa
Na pétala plangente de uma rosa,
Pendente, a linda gota de orvalho,
Registra a imagem torpe, criminosa,
Da fera, uma formiga, no seu galho,
Cortando sua folha, aonde a vida,
Mantém, ainda verde, a esperança,
Da rosa em ser a flor tão preferida,
Enquanto se aproxima uma criança.
Criança que buscava, no jardim,
A flor que levaria à professora,
Qual prova de amor, respeito, enfim.
Mas quando viu na folha, a agressora,
Cortando, a roseira, sua amiga,
Num ato espontâneo, repelente,
Num tapa, derrubou a tal formiga,
Pisando-a, com raiva, fortemente.
Deixou de dar a prova à professora,
Do amor, que tanto a ela, devotava,
Tornando-se, também, uma agressora,
Do crime que agora consumava,
Julgando ter, a rosa, protegido.
Mas, vendo, ali no chão, toda esmagada,
A pobre da formiga, já, sem vida,
Sentiu-se uma flor despedaçada.
Portanto, a natureza e seus mistérios,
Na pétala da rosa ou na formiga,
Diria pra criança, sem critérios,
Das duas qual seria sua amiga?
Não! Diante da roseira, em evidência,
Aonde a bela rosa feneceu,
A criança olhou pro céu, pediu clemência,
Chorou, pegou a terra, emudeceu.
A gota de orvalho foi ao solo,
Desfez-se toda imagem que gravou,
Na terra umedecida fez-se um colo,
Aonde outra semente germinou.
Roseiras, muitas rosas e formigas,
Perfeitas, numa linda convivência,
São todas, na verdade, grande-amigas,
Só tu, criança, foste interferência.
Condorcet Aranha
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Cigarra ou Formiga?
Nasceu frágil e pequenina
Mas depressa se transformou
Numa laboriosa formiguinha
De tanto que trabalhou
Recolhendo as sementes
Que entretanto semeou
Para abastecer o celeiro
Os invernos enfrentar
E assim poder descansar.
Mas, num desditoso dia
Terrível tempestade se abateu
E o celeiro se perdeu
Na torrente, que tudo levou.
Então irada com a vida
Deixou de ser a formiga
E em cigarra se tornou.
Hoje, para afastar o lamento
Vive cantando ao vento.
A dúvida?... Não sei se a diga:
Se prefere ser cigarra ou formiga?
São Tomé
terça-feira, 19 de junho de 2012
Formiga no poema
Uma formiga atrevida
sem pedir qualquer licença
e satisfeita da vida
que certamente compensa
diligente despachada
pequenina como um trema
viu a porta escancarada
e irrompeu no meu poema
Percorreu toda a largura
fez depois o comprimento
não sei se andava à procura
de algo para o seu sustento
inverteu a sua rota
espreitou num canto em cima
equilibrou-se num jota
saltitou de rima em rima
Dependurou-se na trave
do T da palavra estrondo
entrou no A de uma ave
depois num O bem redondo
Coçou então a barriga
apenas com uma garra
Quem procurava a formiga?
Porventura era a cigarra?
Palmilhou a folha toda
esquadrinhou toda a escrita
andou por aqui à roda
numa insistente visita
numa atitude indiscreta
a dizer daqui não saio
e para este poeta
não olhou nem de soslaio
Achando aquilo bizarro
perdi então a cabeça
Já a formiga tem catarro?
Sai-me daqui já depressa!
Não te quero aqui assim!
Será que tu não me ligas?
Vou chamar o pangolim,
de alcunha o Papa-Formigas!
Senti cá um formigueiro
que ao vê-la ao alto da estrofe
co dedo médio certeiro
dei-lhe assim em cheio plof
Foi tal o meu piparote
com tal força e com tal arte
que andou voando a galope
lá muito acima de Marte
Você que assistiu à cena
e viu que isto não é sonho
e que agora está com pena
daquele insecto enfadonho
tenha calminha serene
que encontra a sua formiga
nalguma fábula antiga
em casa de La Fontaine
Anthero Monteiro
segunda-feira, 18 de junho de 2012
A formiga
Percorre solitária o distante caminho,
em passos, trafegando... Ora, ela nunca enfada!
Pára. O destino é outro àquela caminhada,
afinal, achou um graveto para o ninho.
E segue, a luta agora é mais do que pesada,
lavanta, entre manobra, o peso em desalinho,
o corpo sofre, pois é tão pequenininho,
mas no levantamento aguenta tonelada!
Mais à frente, consegue ajuda para o encargo!
Já não sofre tanto e a velocidade aumenta.
E elas vão girando e levando em passo largo
o que seria para alguns uma tormenta!
Naquela agilidade... Ó! Que destino amargo,
o formigueiro não encontram, a pá cimenta!
Parnaíba, 18 de fevereiro de 2009.
DANIEL C. B. CIARLINI
domingo, 17 de junho de 2012
Rotina de formiga
Fico assim,
agachadinho,
só olhando
o andar
das formigas
para o formigueiro.
Uma atrás da outra,
sem olhar pro lado,
sem pensar no medo,
fico olhando admirado,
folhas nas costas,
indo em direção
ao formigueiro.
O que pensam?
O que sentem?
Será que imaginam
que estou olhando
atento seus afazeres?
Assim, quietinho
para não atrapalhar.
Fico assim
agachadinho,
imaginando
como seria
ser uma pequena formiga,
que trabalha dia-após-dia,
de sol a sol,
sem pestanejar,
não se tem domingo,
nem festejar,
triste rotina é
para todas as formigas,
que não sabem
que existe vida
fora do labutar.
Thiago Azevedo
A formiga
A formiga vem consertar
uma estória mal contada
se trabalhou foi por vontade própria
soubesse iria cantar.
E pede, encarecidamente
Deixem a cigarra em paz
Fez ela, bem, sua parte.
Pois se todos querem colher
A quem caberá plantar?
Massari
A formiga e o sol
A formiga sob o sol caminhava
uma folha verde carregava
em sua dura jornada bradava :
- estou cansada
- estou cansada
- estou cansada
O sol que no céu brilhava
e de tão velho bocejava
riu-se da formiga cansada
debochado então cantarolava :
-não seja apressada
-não seja apressada
-não seja apressada
Úrsula Avner
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